12 de setembro de 2013

Greve dos Professores 2013

Foto por Reinaldo Cunha
Texto por Max Laureano

Chegam de forma tímida. Olham ao redor procurando alguém conhecido. Outros vêm grupos de escolas. São profissionais da Educação da cidade do Rio de Janeiro. Comparecem a mais uma Assembléia de sua categoria, após a greve de um mês e dois dias. Impensáveis 32 dias, para quem não fazia greve há 19 anos. Os olhares de cansaço se misturam à sensação de dever cumprido. Parecem dizer com orgulho: "Sim, sou professor. Sim, sou merendeira, sou auxiliar de creche, agente educador. E sim, fiz greve."
Os profissionais da Educação, da maior Rede Pública Municipal da América Latina demonstraram garra, coragem e disposição de luta. Mesmo depois de 19 anos, enfrentaram os medos, discursos de assédio moral, ameaças de corte de ponto por parte do Prefeito, da secretária e  diretores de escolas. Mas mesmo assim, lotaram ruas e praças.
A cada ameaça, a cada mentira lançada pela prefeitura através da "grande mídia", as reuniões nas escolas aumentavam, as Assembleias locais se tornavam massivas. As assembleias gerais tinham que passar a ser em lugares cada vez maiores. A vontade de lutar, a disposição de enfrentar os inimigos da Educação Pública já não cabia em clubes, ginásios.
A praça, aquela que o poeta dizia ser do povo, como o céu é do Condor, virou o teatro a céu aberto.

Os atores principais? Uma categoria orgulhosa, por reconquistar sua auto-estima como ser social, bem visto e aplaudido nas ruas. O coro da peça? Esse gritava, bem alto, para  quem quisesse ouvir "A Educação Parou!"A Educação Parou!" "A greve continua! Prefeito, a culpa é sua! "O SEPE SOMOS NÓS, NOSSA FORÇA, NOSSA VOZ!"
Os grandes protestos que começaram em Junho, movimentaram o país. Com a disposição para lutar, milhares de pessoas enfrentaram bomba de gás e cassetetes das Tropas de Choque. Vimos um avanço na consciência dos trabalhadores e estudantes e, se conseguiu levantar um conjunto de demandas importantes. Sem as mobilizações e as lutas que aconteceram, não poderíamos ter esse cenário atual. Que, é possível lutar. E é possível vencer.
A Rede Municipal do Rio de Janeiro, através de uma greve com mais de 80 % de adesão e manifestações que  reuniram milhares  de pessoas nas ruas,  demonstrou que aprendeu a usar realmente a comunicação alternativa, aumentando a força e o poder da mobilização. Nunca uma greve tão grande foi tão fotografada.  Assembleias gigantescas eram convocadas quase que diariamente e rapidamente divulgadas.
Mas é importante lembra que essa greve foi sustentada pelos braços dos trabalhadores e principalmente das  trabalhadoras da Educação da cidade do Rio de Janeiro. Esta foi uma greve "mulher". Elas, em sua maioria, foram as que mais  militaram na campanha, fizeram piquetes e operação "Fecha Escola", distribuíram milhares de panfletos e atuaram até nos fins de semana.
Com isso tudo, a categoria, apoiada pelo SEPE, foi mostrando sua força, desmascarando a política de sucateamento da Educação Pública da gestão de Eduardo Paes. Sai vitoriosa, orgulhosa de si, mostrando o caminho. Que só a luta muda a vida!
Que ninguém jamais duvide da capacidade de luta e organização dos Profissionais de Educação da cidade do Rio de Janeiro!

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