Sem-teto, sem-terra, camelôs, vítimas de remoção e da violência policial, mulheres, cultura e comunicação popular. Toda essa gente participou do 16º Grito dos Excluídos, realizado no dia 7 de setembro.
Por Rafael Lopes*
Muitos movimentos sociais e grupos políticos compareceram ao 16º Grito dos Excluídos, um evento de luta contra desigualdades, coordenado pela Confederação Nacional dos Bispos (CNBB), desde 1995. ”A idéia é aproveitar o Dia da Pátria para mostrar que não basta uma independência politicamente formal. A verdadeira independência passa pela soberania da nação”, diz texto publicado no site do Grito do Excluídos. Foi uma manifestação popular, onde o espaço foi dividido por pessoas, igrejas, entidades e grupos comprometidos com as causas dos marginalizados pela sociedade.
O Jornal Vozes das Comunidades, produzido durante o curso de Comunicação Popular do NPC, foi super disputado. A edição de 5 mil exemplares acabou em dois dias. "Nunca vi o que está escrito neste jornal sobre remoção de favelas em lugar nenhum", disse Jorge Silva, da Vila Recreio, comunidade ameaçada. Os fotógrafos populares apresentaram lindas imagens na avenida. A banquinha do Plebiscito sobre o limite da propriedade da terra funcionou o tempo todo.
O Batalhão de Choque e o Bope foram tremendamente vaiados pelos participantes do Grito. E o bloco Se Benze que Dá, da Maré, merece todos os nossos aplausos. Fizeram do Grito, um Grito também de alegria.
Com a palavra, os excluídos
Genésio da Silva, 46 anos, morador da comunidade da Mangueira, nas proximidades do Metrô, região onde será construído um estacionamento para a Copa em 2014, conta que a prefeitura Rio de Janeiro ameaça está ameaçando de remoção os moradores do local. Segundo Genésio algumas casas já foram marcadas. “Querem tirar agente de lá a força. Mas não podemos ir para qualquer lugar. Precisamos de um lugar digno. Eles estão tratando agente feito cachorro”, denuncia.
Apoio e união são as palavras que melhor traduzem o espírito do Grito dos Excluídos. O MST de Valença, interior do estado do Rio, veio para somar suas forças ao movimento. O integrante do MST César Augusto, 41 anos, afirma que o grupo saiu de Valença para contribuir com a manifestação. “Viemos para participar Grito dos Excluído pois acreditamos na força coletiva”, declarou César.
A pedagoga e integrante da Associação Mangueira Vestibulares (AMV) Carla da Silva, 33 anos, defende a manutenção dos pré-vestibulares populares, como forma e inclusão social e maior espaço dentro das Universidades Públicas, e na conscientização dos jovens excluídos. “Buscamos dialogar além dos conteúdos didáticos cobrados no vestibular. Também queremos a conquista da cidadania pela educação, para mudarmos a realidades desses jovens
Fotógrafos, moradores da ocupação Manoel Congo, jornais comunitários, universitários, entre outros. A união dos movimentos sociais, cada um com sua bandeira, entretanto, gritando unidos por causas comuns foi a marca do Grito dos Excluídos 2010.
Rafael Lopes é reporter do jornal Vozes das Comunidades
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