Foto: Ratão Diniz
Por Gizele Martins
Fotos: Equipe Favela em Foco
Em cada palavra, em casa frase, em cada rosto, em cada grito que saía da alma, que saíam das vozes daquelas mais de duas mil pessoas que estavam na caminhada "Luto por Nitérói", realizada na tarde do dia 15 de abril, no centro de Niterói, feita por aproximadamente 13 favelas que sofreram com os desabamentos, se expressava aquilo que centenas de famílias estão passando hoje no Rio de Janeiro, a dor de ter perdido seus lares, a dor de ter perdido seus parentes, amigos e vizinhos. E além disso, a dor de sentir na pele mais uma vez o abandono das autoridades governamentais, que com grande voz disseram apenas que os favelados sãos os "culpados" por tamanha tragédia.
E desta vez, a forma escolhida para mostrar este tão grande abandono e a dor dessas pessoas, nada mais sincero, verdadeiro, do que deixar suas angústias em depoimentos, em falas, em vozes e em imagens, deixando suas olhares falarem!
Percorri a passeata pegando depoimentos de alguns moradores das diversas favelas que estavam ali representadas. Fiz isso como forma de mostrar que o descaso, mesmo que cada favela tenha os seus problemas particulares, é o mesmo. Afinal, as autoridades governamentais, os responsáveis por tantos e tantos problemas, desastres, são os mesmos. Se não os mesmos nomes, mas as atitudes são as mesmas, idênticas até!
Percorri a passeata pegando depoimentos de alguns moradores das diversas favelas que estavam ali representadas. Fiz isso como forma de mostrar que o descaso, mesmo que cada favela tenha os seus problemas particulares, é o mesmo. Afinal, as autoridades governamentais, os responsáveis por tantos e tantos problemas, desastres, são os mesmos. Se não os mesmos nomes, mas as atitudes são as mesmas, idênticas até!
Depoimentos:
“Perdi minha casa. Perdi tudo. Estamos abrigados em um colégio, tem mais de 250 pessoas lá. Só consegui sair porque ouvi um barulho enorme, quando vi era a parte de trás da casa, daí chamei todo mundo e saímos correndo”,
moradora do Morro do Bomfim, Celma Ferreira, de 55 anos.
Perdi meu irmão, ele foi tentar salvar um outro morador, um vizinho nosso que a casa tinha caído em cima dele, mas o resto da casa desabou e não teve jeito, meu irmão acabou morrendo soterrado junto com o nosso vizinho. As pedras do morro caíram e ficamos desesperados sem saber o que fazer. Ao total morreram 10 pessoas. E o pior, aparece todo o dia na televisão que a prefeitura está atendendo a todo mundo, mas é mentira, até hoje ninguém apareceu lá”,
moradora da Rua São José, 340, Marinéia Andrade da Costa.
Próximo de minha casa caíram duas casas e um bar. Três pessoas morreram. O caminho que sobe o Morro do Arroz caiu. Não temos mais passagem. Imagina como é para os senhores de idade atravessar o morro para chegar em casa!? Fizemos um improvisado, mas a dificuldade de passar é grande. Minha sogra tem 63 anos, e ela não consegue passar, imagina os que tem mais idade, e as grávidas!?,
moradora do Morro do Arroz, Daniela Ramalho de Suoza, de 23 anos,
“A Defesa Civil até hoje não foi lá, vai acabar morrendo mais pessoas. Ainda pode acontecer uma tragédia maior e ninguém faz nada. As casas estão lá, todas, todas rachadas!”,
moradora do Morro do Bomfim, Tereza Lopes, de 50 anos.
“Caiu tudo, e a Defesa Civil nada de aparacer. O que aconteceu foi um desastre. Tem postes de luz até hoje no chão e ninguém vê isso, como pode, ninguém faz nada! Um homem que mora do outro lado do morro morreu porque encostou no poste e a fiação estava ligada! Olha só os riscos que ainda estamos sofrendo!?”,
moradora do Morro do Caramujo, Cíntia Ribeiro, de 35 anos.
Eles querem oferecer para as famílias o aluguel social, ou vão remover todo mundo para lugares bem distintos. Só que não é isso o que os moradores querem, eles querem continuar nos lugares em que eles já construíram uma história. Lá no Morro do Bumba, por exemplo, tem uma garagem enorme que podem ser construídos vários prédios, cadê o investimento para programa de habitação aqui de Niterói, cadê!?”,
morador do Morro do Bumba, pastor Bruno Borges, de 38 anos.
"Graças a Deus lá no Morro não tiveram mortes, mas muitas casas caíram. Muitos deles estão espalhados na casa de parentes, outros não tem para onde ir e estão em igrejas, escolas, associações. Até agora a Defesa Civil não foi lá, ninguém até agora foi nos procurar, o que querem? O que eles estão esperando, cadê nossos governantes!?",
moradora do Mackenzie, Rosilene Santos, de 32 anos.
“Sete pessoas morreram, quatro crianças e três adolescentes. Um deles era meu cunhado. Estamos abrigados na escola Paulo Freire. Na verdade, estamos é esquecidos, abandonados. Só ouvíamos falar desse aluguel social pela TV, nada mais. Estamos comendo desde o dia do desabamento só sopa e pão mofado. Ontem tiraram o último corpo. Agora mesmo que vamos ficar esquecidos!”,
moradora da 340, Aldini de Souza, de 20 anos.
Mais de 170 pessoas morreram nos desabamentos que ocorreram nas favelas de Niterói. Segundo moradores, o Prefeito Jorge Ribeiro Silveira, apresentou um projeto assim que assumiu a prefeitura, mas que até hoje não foi iniciado. Os vereadores Renatinho, do PSOL, e Valdeck Carneiro, do PT, tentaram abrir uma CPI para investigar o orçamento de 50 mil reais do município destinadas a obras para melhorias da cidade, "Precisamos de seis votos, mas até agora só nós dois votamos", disse o vereador Renatinho.
Confira também algumas fotos da passeata feita pela Equipe Favela em Foco (http://www.favelaemfoco.wordpress.com/)
Leo Lima
Ratão Diniz
Thiago Carminati
Fábio Caffé
Thiago Carminati
Fracisco César
Fábio Caffé
Fracisco César
Nenhum comentário:
Postar um comentário