O 'I Curso de Comunicação Comunitária do O Cidadão', realizado no ano passado, conseguiu formar uma nova equipe para o impresso que circula há 13 anos na Maré
Por Gizele Martins
Foto: Marcos Souza
Foto: Marcos Souza
Em busca de uma comunicação democrática e que tenha o povo como protagonista, a equipe do Jornal O Cidadão realizou, entre junho e outubro de 2012, o I Curso de Comunicação Comunitária do O Cidadão. O objetivo foi também o de formar uma nova equipe para o impresso que ficou mais de um ano sem circular pelas 16 favelas do Conjunto de Favelas da Maré por falta de voluntários.
Foram 24 inscritos e 15 alunos formados para compor a nova equipe que já está com novos projetos para este ano de 2013. Para Renata Guilherme, que participou do curso e hoje é uma das repórteres do jornal, o curso foi uma grande oportunidade de aprender um pouco mais sobre comunicação comunitária e cultura popular com parceiros vindos de diversos locais do Rio de Janeiro.
"Foi uma celebração à liberdade comunicativa, a comunhão entre várias tribos comunicativas e comunitárias, em suas mais diversas expressões. Além de ter sido prazeroso e um grande privilégio estar próxima a tanta gente interessante e interessada em falar em prol dos que não se sentem representados e assistidos pelos meios de comunicação 'tradicionais', pela mídia elitista", disse.
O curso foi idealizado e realizado por três componentes da antiga equipe do jornal – e em parceria com o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm) – que mesmo sem recursos financeiros, conseguiu reunir pessoas interssadas em discutir, aprender e compartilhar seus conhecimentos em prol da construção de uma nova forma de comunicação. Os professores convidados para ministrarem as aulas trabalharam de forma voluntária e o material didático usado pelos alunos foi comprado e doado pela organização e pela antiga equipe.
As aulas foram pensadas não apenas com os temas que envolvem a comunicação comercial, comunitária e popular, mas também abordaram questões relativas ao tema da criminalização da pobreza, da formação das favelas, da identidade local, da cultura popular, dos direitos humanos, da cidadania, da segurança pública, sem contar na história da própria Favela da Maré.
A linha editorial do jornal foi outra discussão levantada pela nova equipe. De acordo com ela, a identidade local, a busca pela valorização da cultura cotidiana da favela e o tema da criminalização da pobreza devem ser prioridades nas próximas edições.
Maisa Ferreira, nova repórter do O Cidadão, fala de como foi participar do curso e de suas perspectivas para as futuras pautas, "Foi muito bom aprender a fazer comunicação comunitária. Eu ainda não fiz muitas matérias para dizer o que mais gosto de cobrir, mas gosto muito de poder denunciar os problemas e a falta de políticas públicas em que vive é obrigado a passar", afirmou.
Já, já um novo exemplar vai chegar na casa dos mareenses. Este exemplar - que está com uma nova identidade visual - é resultado do trabalho desta nova equipe formada por aproximadamente 15 pessoas. Mas essa nova galera super animada não vai ficar só no impresso este ano, debates sobre o dia a dia da favela é outra proposta do grupo. O primeiro já foi realizado, o tema debatido foi Internação Compulsória e bombou, mais de 50 moradores estiveram por lá dialogando sobte o assunto.
A nova equipe também quer realizar outras capacitações e seminários, além de estar mais presente na Maré e em outras favelas do Rio de Janeiro, já que os alunos do curso vieram, também, de outros bairros e favelas cariocas. Mais uma novidade é a realização do 'II Curso de Comunicação Comunitária' que já está sendo montado por esses novos comunicadores do O Cidadão.
Aguardem!
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