28 de abril de 2011

seminário: A mídia contra o povo

A mídia contra o povo: A mídia é de tod@s!

Por Rafael Lopes e Alex Ferreira

Nos dias 16 e 17 de abril, o jornal O Cidadão, o coletivo de Hip-Hop Lutarmada e o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro), realizaram o seminário O poder da comunicação: A mídia contra o povo, no centro do Rio. O objetivo foi estimular o debate sobre a mídia comercial e analisar impactos e formas de manipulação no jornalismo, na arte e na publicidade. Estiveram presentes moradores de ocupações, moradores de favelas, comunicativistas, jornalistas, filósofos, músicos, professores, dentre outros.

Para a primeira mesa que abordou o tema da linguagem nos veículos de grande circulação, foram convidados: a jornalista Paula Máiran, a jornalista Lívia Duarte e o professor Rodrido Gueron. Segundo a jornalista da Agência Pulsar de Notícias, Lívia Duarte, os variados tipos de textos, de imagens utilizadas nas mídias comerciais devem ser avaliadas. “A linguagem desses veículos, de maneira geral, é de simples compreensão, todos conseguem ler. Entretanto, devemos fazer uma leitura crítica das matérias e reportagens para não nos enganarmos. E, não é este jornalismo que queremos”, afirmou a jornalista.

A comunicação nas mãos de poucos

Um dos pontos levantados pelo professor de filosofia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Rodrigo Gueron, é que por uma estranha coincidência, ou não, a concessão dos meios de comunicação foi conseguida na época da Ditadura Militar no Brasil. O professor também abordou sobre o conteúdo conservador que muitas vezes os programas, principalmente, os de TV, apresentam e da relação com o poder desses veículos. “As grandes corporações estão no centro do poder, em muitos momentos eles se apresentam como os contestadores do poder. Isso é uma falácia, eles são o poder”, afirmou. Ainda de acordo com Rodrigo, a maior parte dos programas de TV, visa o conservadorismo, lição de moral, comportamentos etc. “Não podemos mais trabalhar com esse tipo de imprensa que nos dão lição de moral, sendo que este não é o papel dela”, ressalta.

Formação para o mercado

De acordo com a jornalista Paula Mairan, que já trabalhou em diversos meios de comunicação da imprensa empresarial, acredita que os estudantes de comunicação serão formados para atender a demanda do mercado jornalístico apenas, deixando de lado a parte crítica do processo de formação. Isso reflete diretamente a qualidade dos novos profissionais. A jornalista, falou também do protagonismo que as mídias comerciais passam a ter nas comunidades, nas favelas. “Não é à toa que hoje a rede Globo tem programas, telejornais, como o RJ comunidade e o blog favela livre. Os jornais olham para esse espaço que é a favela, os bairros mais pobres, mesmo que de forma deturpada porque eles precisam também conquistar esta população mais pobre. E, embora, limitados, os jornais alternativos e comunitários fazem um contraponto à mídia comercial e isso é importantíssimo e deve continuar”, aponta.

O segundo dia de debate:

A representação da Mulher e do Negro na Mídia

No dia do encerramento do seminário O poder da comunicação: A mídia contra o povo, domingo, (17), foram debatidos a Representação da Mulher e do Negro na Mídia. Os temas foram abordados através de duas especialistas. Elas trouxeram filmes e dados estatísticos para que não ficassem dúvidas acerca da discriminação sobre a mulher e o negro nos mais variados meios de comunicação do país.

A radialista Denise Viola, uma das debatedoras da mesa: Representação da mulher e do negro na mídia, trouxe à tona a questão da Mulher. Com o material que apresentou Denise provou que a mulher, apesar de ocupar vários cargos executivos, ainda sofre discriminação pela mídia através de novelas, reality shows, anúncios publicitários e outras programações. “Ela é apresentada como objeto de desejo, interesseira ou autoritária quando está em cargo de chefia”, disse Denise.

Já Dolores Lima, representante do Centro de Tradições Afro-Brasileiras, apontou como os negros são tratados, colocados na mídia. Durante o encontro, Dolores mostrou o vídeo: “boneca branca, boneca preta”, que exemplificou como a publicidade, a comunicação e toda a sociedade consegue influenciar na vida da população. Pois, crianças de até oito anos foram perguntadas se preferiam a boneca branca ou a boneca preta. Todas as crianças entrevistadas eram negras, e todas afirmaram que gostavam mais da branca, já que ela era a mais bonita, e que se parecia mais boazinha. “Os negros são sempre associados à pobreza, à falta de beleza, à falta de educação”, concluiu Dolores.

Ao final, todos os participantes colocaram suas opiniões sobre o tema discutido. Ideias como a de se realizar um próximo encontro já foi pensado. Outra proposta é a de ir até as ocupações, favelas, além de atrair cidadãos que ainda não fazem parte do debate sobre a comunicação. Já que comunicação é direito humano, ou seja, de todos.

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