13 de maio de 2010

Muro da Maré: Muro da Vergonha



Por Alex Ferreira e Jéssica Ferreira
Colaboraram: Renata Souza e Gizele Martins
Fotos Renata Souza

O bloco Se Benze que Dá e outros movimentos sociais se manifestaram contra o muro que esta sendo erguido nas Linhas Amarela e Vermelha, separando as favelas da Maré e Caju do restante da cidade. O evento, que ocorreu na praça da Nova Holanda, no último sábado (8/5), pôs início à campanha "Muro da Vergonha", que repudia o cercamento das favelas do Rio. Ao som de muito funk de raiz, aquele em que os MCs cantam o cotidiano da favela, a galera da Associação de Profissionais e Amigos do Funk (APAFunk) mandou o seguinte recado: “o governo tem tratado com descaso as comunidades. O dinheiro gasto no muro poderia ser utilizado em prol da sociedade”, disse MC Chacal.


Segundo o compositor do bloco e um dos organizadores do ato, Leonardo Melo, a ideia da campanha é o de incentivar o debate público sobre os muros dentro e fora da Maré. “Quanto mais posições acerca do assunto existirem, mais estaremos perto de uma sociedade realmente justa”, afirmou. No decorrer da manifestação, foi exibido um documentário em que os mareenses expressavam depoimentos indignados ao descobrirem que o projeto é da Prefeitura do Rio e que a Lamsa, concessionária da Linha Amarela, financia com R$20 milhões os gastos para esconder a Maré. “É uma segregação, mas a sociedade quer isso, maquiar a verdade. O muro é mais uma maquiagem”, disse Odair Azevedo, morador do Parque União.

Deputado estadual Marcelo Freixo diz que o governo vergonhoso


O encontro também serviu para mostrar que nem todos os políticos estão de acordo com a prática de murar as favelas. O deputado federal Chico Alencar (PSOL), que esteve no ato, ressaltou que “esse muro é o absurdo da política brasileira. Faz-se uma obra caríssima que ninguém da comunidade pediu”. Já Marcelo Freixo, deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, declarou que os muros são um verdadeiro vexame. “Esse governo é vergonhoso, envolvido em esquemas de corrupção. Os jornais, toda hora, mostram isso. O cenário do Rio de Janeiro é o cenário de suas favelas. Elas não podem ser escondidas”, afirmou ao se pronunciar na praça da favela.

MCs Júnior e Leonardo mandam rap contra a discriminação


O vice-presidente da Apafunk, Mano Teko, que também está há anos na luta em busca por direitos humanos e pela valorização da cultura do povo, diz que o exercício de falar para e com a favela deve ser algo diário. “Estamos num processo de falar para os outros MCs o que está acontecendo, e isso deve ser feito aqui na Maré, e em todos os outros espaços que são nossos”.


A tentativa de cercar a Maré das principais rodovias do Rio vem desde o PAN 2007. Na ocasião, o jornal O Cidadão publicou uma carta de repúdio, organizada pela Rede Maré Jovem, na qual se discutia o quanto esta iniciativa discrimina e segrega os moradores de favelas de outros espaços da cidade. Ontem, o discurso era o de proteção das favelas, hoje, a estratégia é a de criar uma barreira acústica para evitar o som das vias. Isso é “conversa pra boi dormir”.

Confira outras imagens feitas por Fancisco Valdean em http://www.ocotidiano.com.br/2010/05/grito-contra-o-muro-da-vergonha.html

2 comentários:

  1. Olá senhores, meu nome é Fernando Coelho, sou Policial Militar, não tenho nenhum preconceito com quem mora nas favelas até por que eu já morei na NH e no PU e me orgulho de dizer isso.
    Passo pela linha vermelha no horário de serviço e em dias de folga, já ví por inúmeras vezes algumas crianças atravessando a pista correndo atrás de pipas, bolas e balão e até mesmo pra cometer assalto.
    No começo dessa semana mesmo eu flagrei e botei pra correr (sem dar um tiro, só na base do grito)três menores com idades aparentemente entre 09 e 14 anos que estavam com uma réplica de arma tentando parar alguns carros, alí no cruzamento da linha amarela com vermelha.
    Sou a favor da construção desse muro, pois não há exclusão nenhuma nesse caso, não há nem pontos de ônibus na linha vermelha que seja usado por moradores na maré, e pelo que vejo, não demorará muito pra alguma criança dessas aí ser atropelada em algum desses supracitados casos.
    Essa é a minha opinião, espero que respeitem assim como respeito a de vocês.

    Abraços.

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  2. Acredito que essa ação da prefeitura não esteja diretamente voltada para 'esconder as favelas' e sim para beneficiar e dar mais conforto aos moradores das comunidades da Maré. Logo depois do ínicio da colocação das barreiras acústicas foi lançado o projeto Parques Lineares, que irá beneficiar os moradores das comunidades que margeiam a Linha Vermelha e a Linha Amarela. Espero que a população se concientize e enxergue esse projeto com orgulho, e não com desprezo.
    Abraços a todos os moradores da Maré, retrato vivo do Brasil.

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