11 de dezembro de 2009

Dia de dor, esperança e coragem


A editora do jornal O Cidadão, Gizele Martins, recebe dos Deputados Marcelo Freixo e Alessandro Molon o prêmio Centenário Dom Helder Câmara de Direitos Humanos


Por Paula Mairan, assessoria do Mandato Marcelo Freixo


Este Dia Internacional dos Direitos Humanos foi dia de derramar algumas lágrimas ou, no caso dos mais contidos, ao menos embargar a voz. Mas não só por tristeza. Também pela esperança de dias melhores, com menos desigualdade, com mais respeito pela vida de todos e todas, independentemente de cor, raça, gênero, condição social, sem caveirões, sem estado de exceção. Para celebrar a data, promover um balanço das conquistas e dos desafios imensos ainda a enfrentar, cerca de 300 militantes de movimentos sociais e de organizações de Direitos Humanos ocuparam nesta quinta-feira (10/12) o plenário da Assembleia Legislativa, para uma manhã inteira que mesclou arte, denúncia e homenagens.

A manhã de atividades organizadas pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj começou às 10h ao som de funk, com uma projeção de fotos do coletivo Imagens do Povo. Houve em seguida palestras de pesquisadores sobre a política de exclusão e extermínio em vigor. Sobre a violência cometida, principalmente, pelo próprio Estado contra a população pobre, apresentaram dados contundentes Antonio Pedro Soares, assessor jurídico do Projeto Legal; Fernanda Vieira, da Mariana Criola; Taiguara Souza, do IDDH, e Rafael Dias, da Justiça Global. O vereador Eliomar Coelho, e o deputado Alessandro Molon também fizeram parte da mesa de abertura do evento, presidida por Marcelo Freixo. Mas entre uma fala e outras, comoveu a todos o talento das crianças do grupo de oficina literária Criarte, do Movimento Nacional de Luta por Moradia, que vivem na ocupação Manoel Congo, na Cinelândia. Elas cantaram em coro música sobre o tema da coragem e seu poder de vitória sobre a miséria.

Depois de uma apresentação teatral da Cia Marginal da Maré, foi a vez de premiar os defensores dos Direitos Humanos que se destacaram em 2009 por sua luta. Foram concedidos a dez personalidades e organizações diplomas, além de peças artesanais criadas, especialmente para a ocasião, pela artista Ana Alzira. Em nome da CNBB, pelo tema da Campanha Fraternidade e Segurança Pública, recebeu o prêmio o padre Marcos Belizário Ferreira. Pelo Coletivo de Gênero do MST, recebeu o prêmio Nívia Regina, em reconhecimento ao papel das mulheres na luta pela reforma agrária; assim como também foram premiados o defensor público Dênis Sampaio, os delegados Cláudio Ferraz, pela luta contra as milícias, e Orlando Zaccone, pelo empenho contra a superlotação carcerária; os jornalistas Thiago Prado e João Antonio Barros, de O Dia, pela série de reportagens sobre milícias; a jornalista Gizele Martins, editora de O Cidadão, jornal comunitário da Maré, e o presidente da Apafunk, MC Leonardo, pelas conquistas contra o preconceito em relação à manifestação cultural popular. O músico Marcelo Yuka, também escolhido por seu ativismo social, apresentou desculpas porque não teve como receber o prêmio pessoalmente.

"A escolha dos premiados deste ano reflete um momento ousado da luta pelos Direitos Humanos. Um momento em que se compreende a importância de premiar, por exemplo, dois delegados, porque se trata de mostrar que a luta não é contra a polícia, mas contra uma determinada política de segurança pública que determina o extermínio, a exclusão e o controle de uma parcela da população, enquanto protege outra. Temos de premiar policiais que defendem os Direitos Humanos", esclareceu Freixo, ao lembrar que também ele perdeu um irmão assassinado, vítima da violência no estado.

Jovens flautistas da Orquestra da Grota Funda, comunidade de Niterói, só não encerraram as atividades lúdicas da manhã dedicada aos Direitos Humanos, porque, ao fim de tudo, houve ainda uma homenagem surpresa para mães e familiares de vítimas diretas da violência. Vinte e cinco mulheres foram chamadas por Freixo à frente do plenário para que recebessem cada uma delas um botão de rosa branca e uma salva de palmas. Elas foram homenageadas porque ao transformar o seu luto em luta por um mundo melhor se tornaram então exemplos concretos de solidariedade humana. Não foi possível, então, neste Dia Internacional dos Direitos Humanos, segurar lágrimas feitas de uma mistura poderosa de dor, esperança e coragem.

Veja mais fotos em http://www.orkut.com.br/Main#Home

4 comentários:

  1. Infelismente em nosso país tem muita descriminação e os direitos humanos ainda falta chegar a muita gente.

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  2. Parabéns Gizele e " O Cidadão"!!! Mandando bem. O jornalismo não pode deixar de denunciar.

    Sucesso, mt trabalho e um excelente fim de ano a todos.

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  3. Agradecemos a força e o reconhecimento de nosso trabalho! Grande abraço, Equipe "O Cidadão".

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  4. Estejamos sempre fortes, unidos e prontos para qualquer batalha, pois todos nós unidos, somos e seremos sempre uma grande força!!!

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